Avanço do conservadorismo impacta saúde mental das mulheres, alertam especialistas
- podpararesamc
- 10 de abr.
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Atualizado: 11 de abr.
Retrocessos nas políticas de igualdade de gênero e o aumento da pressão psicológica geram preocupações em organizações.

O crescimento de governos conservadores em várias partes do mundo tem afetado diretamente a saúde mental das mulheres, intensificando desigualdades estruturais e ampliando a sobrecarga emocional. O enfraquecimento das políticas de igualdade de gênero, as restrições aos direitos reprodutivos e a redução de iniciativas contra a violência doméstica criam um cenário de instabilidade que eleva os índices de ansiedade, depressão e esgotamento mental entre as mulheres.
A ascensão de discursos conservadores tem reforçado estereótipos de gênero e alimentado pressões sociais para que as mulheres se conformem a papéis tradicionais, muitas vezes em detrimento de sua autonomia e bem-estar. Em um contexto que a disparidade salarial persiste e a carga das tarefas domésticas segue desproporcional, esse retrocesso agrava sentimentos de frustração e impotência. Além disso, o medo de perder direitos conquistados e a incerteza sobre o acesso a serviços essenciais, como saúde reprodutiva e proteção contra a violência, colocam muitas mulheres em estado de constante tensão.
Geovana Ribeiro, representante da ONU Mulheres no Brasil, alerta que o enfraquecimento das políticas públicas voltadas à proteção feminina institucionaliza a insegurança e contribui para o desgaste psicológico. “A falta de medidas concretas para garantir direitos fundamentais gera um ciclo de esgotamento emocional, principalmente entre mulheres em situação de vulnerabilidade ou que atuam ativamente na defesa dos direitos femininos”, afirma.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que mulheres vítimas de violência doméstica têm 38% mais chances de desenvolver depressão e que 45% relatam dificuldades em lidar com o estresse. Além disso, pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontam que as mulheres ainda recebem, em média, 20% menos do que os homens em funções equivalentes, o que impacta sua independência financeira e amplia a sensação de vulnerabilidade.
Diante desse cenário, movimentos sociais têm desempenhado um papel essencial na preservação da saúde mental feminina, promovendo espaços de acolhimento e mobilizações contra retrocessos. A resistência feminina continua a se reinventar, utilizando redes de apoio e plataformas digitais para amplificar suas vozes e pressionar por políticas que garantam não apenas a manutenção dos direitos conquistados, mas também um suporte efetivo à saúde mental das mulheres.
Especialistas alertam que os impactos psicológicos desse contexto podem ser duradouros, exigindo respostas urgentes por parte do poder público. Criar espaços seguros para apoio psicológico, fortalecer redes de suporte e ampliar o acesso a serviços especializados são medidas fundamentais para mitigar os danos emocionais provocados por esse ambiente de instabilidade.
Mais do que uma luta por direitos, a resistência feminina tornou-se também uma batalha pelo bem-estar e pela saúde mental das mulheres, que seguem firmes na busca por um futuro mais justo e igualitário.
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